Em meio a abertura da colheita de soja da safra 2022/2023, que neste ano, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), aumentou a área de plantio de 1.144,7 hectares para 1.269,5, variação de 10,9%, um dos grandes gargalos é a falta de armazenamento e a falta de pagamento da hora parada dos caminhoneiros, conforme determina a ANTT, eles estão sendo obrigados a ficar até 04 dias em frente aos Armazéns de grãos Por outro lado, os produtores que estão com as sojas estocadas em colheitadeira a espera de caminhões que estão nas filas dos armazéns.
Bruno Raffi é caminhoneiro autônomo e com isso ele trabalha direto com o produtor diz que os colegas que trabalham em transportadoras conseguem receber diária, enquanto os caminhoneiros autônomos não recebem e não tem Sindicato para defendê-los e, apesar de pagar as taxas para a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) eles são abandonados à própria sorte.
“Não temos quem nos represente, desconheço sindicato dos caminhoneiros do Tocantins e nunca fui atrás, enquanto a gente se sente cansado. Depois de sair do Armazém da Maggi, voltei para roça e agora estamos aqui na Granol com uma fila de 60 caminhões, onde vou ficar parado por três dias. Aqui e ninguém paga diária para gente. O produtor diz que não tem condições de pagar e os Armazéns não estão nem aí para gente”, disse Bruno.
“É uma situação difícil e eu me lembro que quando eu mexia com armazéns há muitos anos na época de sacarias era muito melhor do que é hoje aqui no Tocantins, que está retroagindo em vista que a produção está aumentando com novas tecnologia, enquanto os armazéns não querem nem saber e só querem botar o dinheiro deles no bolso”, completou Bruno Raffi.
Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) a lei nº 11.442, de 5 de janeiro de 2007, determina o prazo máximo para carga e descarga do veículo de transporte rodoviário de cargas é de cinco horas, contados da chegada do veículo ao endereço de destino, após o qual este valor será devido ao Transportador Autônomo de Carga (TA C) ou à Empresa de Transporte Rodoviário de Cargas (ETC), por tonelada/hora ou fração.
Armazenagem colapsou, diz Aprosoja
O vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Tocantins (Aprosoja-TO), Dari Fronza, defende que o sistema de armazenagem do Tocantins colapsou.
“Este ano a nossa safra vai ser um pouquinho maior do que o ano passado, enquanto a nossa capacidade estática em nosso estado ainda é fraca e baixíssima e não chega a 50% da capacidade estática e 50% da nossa produção fica a céu aberto e a mercê de dá tudo certo e neste ano os produtores acabaram vendendo menos soja, então os Armazéns estão lotados e agora com esta chuva que veio com muita intensidade e estamos passando pelo fenômeno chamado de El Niño com chuvas acima da média e tem atrapalhado no ponto de colheita da soja, enquanto 90% da nossa produção já foi colhida, mas com certeza nossos armazéns estão todos colapsados. Precisamos montar uma estratégia de fomento e buscar incentivos dos bancos para fazer novos armazéns no Estado do Tocantins”, explicou.
“É uma coisa sem solução”
O caminhoneiro José Clarindo de Souza, acredita que a única solução é a abertura novos armazéns para suprir a demanda. Ele conta que desde domingo, 26, permanece na filia do Armazém da Maggi em Figueirópolis, onde se encontram mais de 200 caminhões. Enquanto isso, os agricultores não têm opção para escoar a safra para os armazéns por falta de caminhões e são obrigados a parar a colheita.
“Eu cheguei na quinta-feira, 23, e descarreguei ontem, domingo, 26, e agora retornei e tem mais de 200 caminhões na fila e vou ficar por mais quatro dias. O problema aqui é muito complicado são fazendas com empresas, enquanto os fazendeiros não se responsabilizam pelas descargas e a firma (Armazém) não tem como descarregar tantos caminhões que estão trazendo a soja molhada. É uma coisa sem solução e não tem como atender uma lei (resolução da ANTT) para receber pelo tempo em que os caminhões estão parados porque tem uns fazendeiros que aceitam e outros não. É um problema que não tem tamanho, ou seja, os armazéns não se responsabilizam e os fazendeiros não querem nem saber. Estamos com os mesmos armazéns de 08 anos atrás quando o Tocantins tinham 100 mil hectares plantados e hoje tem mais de um milhão de hectares plantados com os mesmos armazéns”, disse. “Enquanto isso os fazendeiros não têm caminhões para puxar a safra e ficam com as colheitadeiras paradas”, acrescentou.
O caminhoneiro Aderbal mora em Figueirópolis desde o ano 1972, também reclama da falta de pagamento das diárias prevista em lei.
Em abril de 2022, a ANTT atualizou o valor para pagamento do tempo adicional de carga e descarga ao transportador. O valor passou a ser de R$ 2,12, de acordo com correção feita pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulado no período de abril de 2021 a março de 2022, de 11,73%. Com a atualização, o valor por tonelada/hora passa a ser de R$ 2,12, que deve passar a ser considerado a partir da quinta hora de espera para carregamento e descarregamento dos veículos. O valor anterior era de R$ 1,90 por tonelada/hora.
Outro problemas enfrentado pelos caminhoneiros é a falta de estrutura, como banheiros adequados com a mínima condições de higiene.
FONTE: https://www.atitudeto.com.br/negocio/colapso-na-armazenagem-prejudica-produtores-caminhoneiros-e-produtores-de-soja/