A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos de Bens e Cargas (Conftac) vem a público manifestar sua preocupação com a crescente dificuldade enfrentada pelos caminhoneiros brasileiros em acessar linhas de crédito para a renovação de seus caminhões. Apesar das promessas e legislações existentes, os profissionais continuam encontrando barreiras intransponíveis para obter os recursos necessários, o que compromete a qualidade dos serviços prestados e a segurança nas estradas.
A Lei nº 12.096, de 2009, que instituiu o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), foi uma das primeiras iniciativas governamentais para facilitar o acesso ao crédito para a aquisição de caminhões novos e usados. No entanto, mesmo com a criação do PSI, muitos caminhoneiros autônomos continuam sendo excluídos desses benefícios. O problema não está apenas nas taxas de juros, que muitas vezes são exorbitantes, mas também na burocracia que dificulta o acesso dos profissionais ao crédito. A promessa de linhas de crédito subsidiadas e com prazos ampliados se tornou um sonho distante para muitos.
Mais recentemente, o Programa de Financiamento à Aquisição de Bens de Capital (FINAME) surgiu como alternativa para os caminhoneiros que desejam renovar sua frota. Porém, na prática, a sua execução está longe de ser efetiva. Os bancos, que deveriam ser agentes facilitadores, frequentemente impõem exigências que excluem os caminhoneiros autônomos de menor renda ou com restrições de crédito.
A situação se agrava quando observamos o cenário dos caminhoneiros gaúchos, que recentemente foram duramente atingidos pelas enchentes que devastaram a região. Muitos perderam não apenas suas casas, mas também a principal ferramenta de trabalho: o caminhão. Apesar das promessas de apoio por parte dos governos federal e estadual, muitos desses profissionais ainda não receberam nenhum tipo de amparo para revisar e consertar seus veículos. A demora na liberação dos recursos e a falta de transparência na comunicação entre governo e caminhoneiros só intensificam o sentimento de abandono.
É crucial que o governo federal cumpra efetivamente as promessas feitas aos caminhoneiros, especialmente em momentos de crise. A Conftac sugere que as políticas de crédito sejam revisadas e que os processos sejam simplificados para que todos os caminhoneiros, independentemente de sua condição financeira, possam ter acesso ao crédito necessário para manter sua atividade econômica e garantir o sustento de suas famílias. O Brasil depende do transporte rodoviário, e é inaceitável que aqueles que mantêm o país em movimento sejam deixados à margem, sem apoio e sem condições de trabalho dignas.
A Conftac continuará a lutar por um tratamento justo e digno para todos os caminhoneiros brasileiros. Esperamos que as promessas sejam cumpridas e que os profissionais do transporte rodoviário sejam tratados com o respeito e a atenção que merecem. O governo precisa agir com urgência para corrigir essas falhas e garantir que os caminhoneiros tenham acesso ao crédito e ao apoio necessário para continuar trabalhando e contribuindo para o desenvolvimento do país.
André Costa – presidente da Conftac