Olá, meninas! Tudo bem? Sabemos que vocês adoram histórias de mulheres fortes, não é mesmo? Então hoje, vamos conhecer a história da Silvia Pereira da Rosa, de Campo Grande, que hoje reside em Cuiabá, MT.
“Minha história com caminhões começou na infância. Venho de uma família de motoristas: meu pai, tio e, o meu irmão que por ironia do destino faleceu na estrada. Sempre amei tudo relacionado aos caminhões, coisas que geralmente não são atrativas para as mulheres, como construção, solda, mecânica e futebol, que antigamente era até considerado coisa só de homem.
Os anos passaram, me casei e sou mãe de três filhos, que são minha maior riqueza nesta vida. Como mãe, dei prioridade aos cuidados da casa e dos filhos, deixando meu sonho de lado. Trabalhei em vários setores, sempre em contato com os motoristas profissionais. Comecei em uma lanchonete dentro de um posto de gasolina, depois passei a ser frentista. No posto, fazia de tudo: abastecia, lavava cabines de caminhão, polia, ajudava a bater gancho e dobrar lona. Ali, no meu mundo dos caminhões, vivia um amor que não sei explicar.
Comecei a trabalhar de forma autônoma, pegando pequenos fretes dentro da cidade, sem apoio do meu marido, que não queria isso. Mas para não gerar intrigas, visto que ele não gostava da ideia, guardei meu sonho e fui me capacitando, tirando minhas categorias com meu esforço: primeiro a C, depois a D e, recentemente, a E.
Passei por muitas dificuldades neste período. Fui morar com meus filhos em um assentamento em uma chácara. Todos ao meu redor percebiam que eu era infeliz, mas eu tinha três filhos para criar. Minha paixão pelos caminhões se refletia em filmes, programas, revistas, tudo que envolvia caminhão me atraía. Era o momento em que me sentia feliz, mas as pessoas ao meu redor me julgavam, dizendo que eu era amarga e infeliz. Faltava algo em minha vida.
Os anos passaram, as crianças cresceram, estudaram, se formaram e seguiram seus destinos e eu acabei me separando. Neste período, um dos meus filhos me deu a dádiva de ser avó. Sabe aquele ditado que diz ‘ser mãe é bom, mas ser avó é imensurável’? Que amor! Minha neta é meu xodó, minha vida, minha incentivadora.
Quando ela começou a entender meu amor pelos caminhões, sempre dizia: ‘Olha, vó, um caminhão!’. Com o passar do tempo, o amor pela profissão só aumentou. Todos na cidade, quando precisavam de uma motorista para pequenos fretes ou manobras, sempre me chamavam. Minha vizinha ficou sabendo de uma vaga em uma mineradora próxima à minha casa para motorista. Eu já estava com 45 anos e pensei: ‘Ah, passou a minha vez, já é tarde para mim.’ Mas minha vizinha insistiu, pois sempre me via ajudando quando precisavam de um motorista.
Eu tinha medo, um bloqueio, mas essa pessoinha maravilhosa, meu anjo, minha neta Maria Eduarda, só me falou uma vez: ‘Vó, vai! A senhora consegue, tenho certeza. A senhora é a melhor motorista que tem, faz solda, faz casa, faz tudo tão bem’.
Mal sabe ela como essas palavras, de uma criança, me fortaleceram. Parece que o mundo se abriu, todos os bloqueios foram quebrados, todas as dúvidas e medos sumiram. No dia seguinte, me apresentei, fiz o teste na mineradora e passei. Fui contratada pela empresa e fiquei por três anos. Tirei minha categoria E, fiz cursos e hoje estou na estrada, e meu QRA é VOVÓ, devido à maior força que recebi da minha neta. Ela acreditou em mim quando nem eu acreditava!”.
Meninas, que história linda, não é? E vocês, querem contar as suas histórias para nós também e incentivar outras mulheres a não desistirem, assim como a Maria Eduarda fez com a avó? Enviem as suas histórias para (11) 98921-6632.
Avós são como estrelas, que iluminam nossos caminhos.
Feliz Dia dos Avós!
Fonte: A Voz Delas