No Brasil, um dos principais meios de transporte de alimentos, combustível e outros mantimentos fundamentais para o dia a dia da população é o caminhão. Os condutores podem levar dias e até várias semanas para chegar ao destino final. A profissão exige, em muitas ocasiões, que o motorista durma no próprio veículo, se alimente na estrada, utilize os banheiros de postos de combustíveis e, principalmente, que fique longe de casa e da família. “Às vezes não tem onde fazer uma refeição, às vezes não tem um banheiro, isso é meio complicado”, diz Claudenir Machado, de 53 anos, que é caminhoneiro há 12, sobre as dificuldades da profissão.
Antes de ser caminhoneiro, Machado trabalhou durante 15 anos na área de indústria de transformação, em uma fábrica de plástico, em Pelotas, cidade onde vive. Entretanto, após a demissão, ele precisou encontrar um novo emprego. Foi, então, que se tornou motorista de caminhão. “Adquirir o caminhão foi uma aposta no escuro, nunca tinha trabalhado em um caminhão na vida”, conta Machado sobre o começo da trajetória. Atualmente, o caminhoneiro transporta cargas em geral, mas, principalmente, contêineres.
Machado explica a realidade enfrentada por muitos caminhoneiros que trabalham por conta própria. “Ser autônomo é bem difícil, porque nós temos que cuidar da manutenção do caminhão, temos que correr atrás do serviço, é tudo a gente que tem que fazer”, aponta.
Além disso e da rotina muitas vezes complicada, os motoristas que passam dias na estrada acabam se deparando com situações que envolvem a própria segurança. “Eu já fui furtado, furtaram o meu caminhão e já furtaram o caminhão de vários colegas de profissão”, conta o motorista, que conseguiu recuperar o caminhão após o episódio comum aos profissionais da área nas paradas pelo país.
Um momento marcante que muitos caminhoneiros enfrentaram recentemente foi a enchente de maio no Rio Grande do Sul. O Estado teve diversas rodovias comprometidas e, por conta disso, muitos motoristas que estavam trabalhando não conseguiram retornar para casa ou precisaram abandonar seus caminhões e voltar de outra forma. “Foi bem complicado trabalhar durante as enchentes. Tinham vários pontos interditados, assim os trajetos ficavam muito mais longos e nós víamos muita tristeza e desgraças durante as enchentes”, relata Machado, que estava viajando a trabalho na região do Vale do Taquari no período em que o RS começou a enfrentar a catástrofe natural.
Os caminhoneiros são responsáveis por levar os mantimentos que abastecem a cidade. Contudo, a classe tem que lidar com a desvalorização vinda da sociedade que muitas vezes não reconhece o esforço por trás do trabalho árduo e rotina exaustiva. “Acredito que as pessoas poderiam valorizar um pouco mais a nossa profissão, nos tratar um pouco melhor, pelo que a gente faz e pelo o que a gente passa”, finaliza Machado.
Fonte: Jornal Tradição